sábado, 13 de março de 2010

Compaixão... não é ter pena dos outros... mas sim desejar o bem de todos... desapegadamente



Não por mim, mas por todos

Ofereço, aos meus irmãos, os gestos cotidianos:a louça limpa sobre a pia,o cheiro do sabonete,o sabor suave da uva madura.
Você gostaria de rezar pelos outros, mas não tem tempo ou não consegue se concentrar? Então por que não transformar sua vida diária em um ato de oração? Isso é possível através da dedicação, uma prática adoptada principalmente pelos budistas, mas que é adequada para qualquer religião ou mesmo para pessoas que queiram apenas fazer o bem de uma forma subtil.
A dedicação consiste em dedicar o que fazemos ao benefício de alguém que não nós mesmos. Podemos, como fazem muitos budistas, dedicar a todos os seres sencientes. Ou a um grupo específico de pessoas ou seres. Ou ao planeta. Ou a alguém em especial. O importante é o gesto de desprendimento, e o desejo sincero de que nosso gesto seja benéfico.
Geralmente se dedica ou algo que seja muito agradável ou algo que seja difícil ou desagradável de fazer. Eu, por exemplo, normalmente quando saio de carro dedico o prazer que dirigir me dá para todas as mulheres que vivem em sociedades que restringem as actividades femininas. Já as situações que não me geram prazer, como uma visita ao dentista, dedico à paz e a harmonia e a resolução de conflitos entre os seres humanos.
Essa prática é aparentemente simples, não é mesmo? Mas é muito profunda. Ao dedicar algo a alguém, você está se comprometendo a fazer o que está fazendo da melhor maneira possível, e se torna muito mais responsável pelos seus actos. Ao dedicar, por exemplo, o seu almoço aos que passam fome, verá que irá comer com muito mais consciência e respeito pelo alimento. E aprenderá também que viver é compartilhar mesmo o que aparentemente não é compartilhado – como a sua comida.
Permita-se dedicar seus actos. Dedique sua caminhada até o ponto de ónibus aos que não enxergam, e veja quanta beleza há nesse caminho e nas quais nunca prestou atenção. Dedique sua paciência com os filhos às crianças que sofrem violência; o seu copo de água para os que sofrem de sede; o momento de silêncio quando vai de casa ao trabalho aos que vivem em conflito. Ofereça o gesto de regar suas plantas para a recuperação do estrago que os humanos vêm fazendo na Terra.
Se quiser tornar essa prática mais profunda procure manter aqueles a quem dedicou seus actos presentes em seu coração enquanto executa a tarefa que a eles dedicou. Deixe que sejam seus companheiros invisíveis.
Eu, pessoalmente, considero essa prática a "aeróbica do coração". Pois quem a pratica de forma sistemática torna maior o seu coração, capaz de acomodar mais seres, capaz de bater de forma mais suave e compassiva e, ao mesmo tempo, mais forte.



encontrado em feminino plural

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