segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Curar a nossa dimensão do dinheiro


Acho que temos de esquecer tudo o que aprendemos acerca do dinheiro. Acho mesmo que temos de fazer tábua rasa disso. Mesmo aqueles de nós que tiveram a bênção de ter algum dinheiro nas suas vidas têm dificuldade em lidar com isso – e em sentirem-se bem com isso.
Porque, virtualmente, todas as mensagens que recebemos acerca de dinheiro fazem do dinheiro o mau da fita, o vilão, e consequentemente, aqueles que o têm tornam-se os vilões da vida, embora as pessoas não sejam vilões, nem mesmo aquelas que têm muito dinheiro.
Nós temos uma ideia preconcebida acerca do dinheiro. O dinheiro é a raiz de todo o mal. Chamamos-lhe dinheiro sujo e daqueles que o têm diz-se serem podres de ricos. Há algo de sujo nele – algo impuro. É quase como se aqueles que têm algum dinheiro o tivessem conseguido de uma forma ilegítima, que não seja justo ao correcto que eles o tenham.
Há um enorme mito acerca do dinheiro… Eu chamo-lhe o mito do dinheiro. E o mito do dinheiro nas sociedades humanas é que não é nada certo tê-lo, o que é interessante, sendo que toda a gente o quer ter. Então isto põe toda a gente na posição de querer uma coisa que não é certo ter.
É um pouco como o sexo. É a mesma coisa. Não conheço muitas pessoas que não queiram tanto sexo, bom sexo, quanto conseguirem. Mas isso não é certo na maioria dos lugares da nossa sociedade – eu não estou a brincar – estou a falar a sério -, na nossa sociedade não é nada certo querer ter muito sexo. E se vocês simplesmente disserem “Eu quero muito sexo”, as pessoas vão pensar que você é uma pessoa perturbada ou que tem um problema qualquer. Com o dinheiro é a mesma coisa – ainda pior.
Sabem, se forem para a rua perguntar às pessoas sobre as suas vidas sexuais, elas até falarão convosco acerca disso. Mas perguntem-lhes quanto dinheiro é que têm no banco. Vejam-nas ficarem embasbacadas. “Você quer saber o quê? Quanto é que tenho na minha conta bancária? Desculpe mas isso é muito pessoal.” A pessoa com quem dormiram a noite passada não é (pessoal) – bem, talvez seja um pouco – mas isto é muito pessoal. Estamos a falar de dinheiro.
Então o dinheiro tem uma carga emocional ainda maior para as pessoas do que a sua própria sexualidade. É interessante, não é? Isto está relacionado com todas as mensagens sobre dinheiro que recebemos durante toda a nossa vida – nove décimos das quais foram muito, muito negativas.
Então como é que nos podemos tornar amigos do dinheiro? Primeiro é preciso esquecer tudo o que nos disseram acerca dele. E depois temos de pôr uma nova mensagem no lugar da antiga. Não há nada no Universo que não seja Deus. E Deus, a energia que é Deus, existe em tudo, incluindo no dinheiro. Não é como se Deus estivesse em todo o lado excepto na vossa carteira. Na verdade, Deus está em toda a parte.
Precisamos de entender que o dinheiro é simplesmente mais uma forma de energia da vida e é uma forma muito, muito poderosa, não poderosa em si, mas poderosa porque lhe damos poder. Nós, como sociedade neste planeta, dissemos: “Damos a este meio de troca um imenso poder sobre as nossas vidas.” E isso devia resolver tudo. Dêmos-lhe a nossa bênção. Dissemos que damos mais valor a uma coisa que a outra. Por exemplo, damos mais valor ao ouro do que à terra, a menos que seja terra num lugar em particular que possa ser transformada em ouro muito rapidamente. Mas abençoámos uma coisa e depois, ao mesmo tempo, condenámo-la; é uma contradição interessante.


Como é que nos podemos tornar amigos do dinheiro?
Imaginem que o dinheiro é um presente que o Universo vos ofereceu e que vos permite fazer todo o bem que sempre quiseram fazer a vocês mesmos e aos outros. Nada é mau, a menos que o tornemos mau com os nossos pensamentos.
Vemos a vida, e todos os seus elementos, como sendo essencialmente má ou essencialmente boa? Essa é a questão. Se vemos a vida como sendo essencialmente boa, resolveremos os nossos problemas com o dinheiro e faremos do dinheiro um amigo. E depois faremos coisas boas com esse dinheiro, coisas boas para nós porque o merecemos. Eu mereço e vocês também.
E depois faremos coisas boas aos outros. Partilharemos a abundância que é nossa e a abundância que nos é dada por Deus com todos aqueles cujas vidas tocamos. E ninguém terá falta de nada. Há o suficiente para todos nós. E quando escolhermos isso, seremos amigos do dinheiro, de nós próprios, de todas as outras pessoas e de Deus.


“Conselhos de Vida sobre a Abundância” Neale Donald Walsch


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