quinta-feira, 21 de julho de 2011

Dieta mental


«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios do que esses.
A nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos do que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns do que de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são tambem os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.
O problema central está na família e na escola.

Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados violentos, videojogos e telenovelas.
Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens tenham dificuldade em consiguir depois uma vida saudável.
O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.
Os repórteres desinteressam-se da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.

Quase só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.
Alguns casos referidos criam uma celeuma que perdura.
O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Não admira que, no meio de tanta confusão, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência.
Não se trata de uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade.
O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O mundo precisa sobretudo de dieta mental. Não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.»

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