domingo, 6 de fevereiro de 2011

correndo o risco de chocar os mais apegados a modelos antigos...



crianças são lindas, enchem-nos o coração de amor, inspiradoras, necessitam de protecção, amor, cuidados... mas não têm direitos ...

quando uma criança nasce ela é como um hospede que chega a vossa casa e como é óbvio não tem direitos nenhuns...
se ele for agradável vai conquistando a vossa confiança e o vosso apreço e pode ate tornar-se um elemento da família... mas até esse patamar ser atingido os direitos dele não são nenhuns...
imaginem o que aconteceria se vocês dessem a um convidado os direitos, liberdades e vassalagem que dão a um filho que vos nasce... ele iria sentir-se com a liberdade de vos atormentar, de exigir mais e mais, sem respeito nem gratidão por nada, etc... que é exactamente o que muitos filhos fazem aos pais...
a atitude que se tem passado de geração para geração é de que um filho é um Deus dentro de uma família e essa é uma factura que se paga...

não se pode dar direitos a quem ainda não os conquistou... direitos têm aqueles que já cá estão... têm direito a manter alguma da sua paz, da sua liberdade, do seu bem estar, as suas relações... porque provavelmente bastante caminho trilharam para os conquistar...

uma criança deve sempre ser muito bem vinda numa família, porque ela merece e precisa dessa segurança para o seu bom desenvolvimento, mas ela não é a vossa vida... fico com os pelos todos eriçados quando ouço algumas mães dizerem que os filhos delas são a sua vida, que vivem para eles... credo, o que deverá aquela consciência estar a sentir ao ouvir aquela mente dizer aquilo de si própria, como se a própria pessoa não fosse suficientemente importante... que vocês sejam infelizes e uma criança venha preencher um espaço vazio dentro de vós ou na relação eu até compreendo, mas que isso seja correcto para a mãe, para o pai ou para a criança, desiludam-se porque não é... nunca dou "palmadinhas nas costas" de mães nessa versão sofredoras, que abdicam de si e das suas coisas, sacrificadas pelos filhos... mas adoro e aplaudo mães felizes, que amam os seus filhos, mas eles são uma das partes da sua vida, na qual elas estão no centro, mães que se respeitam, que se valorizam, que se estimam e preservam aquilo que é importante para elas... 

não se pode deixar uma criança ocupar todos os espaços de uma casa e de uma família... tal como um convidado ele ocupa o espaço que lhe é cedido e espera-se que não perturbe demasiado o equilíbrio e a harmonia de quem lá vive... alem de que estarão provavelmente estimulando demasaiado o ego desse ser e a dar-lhe uma perspectiva errada da vida, uma vez que no mundo real ele não vai ser nenhum Deus, nem o centro do universo nos outros contextos sociais em que vai estar presente... logo estarão criando um exibicionista à procura de atenção ou um desintegrado que não se sente bem em lado nenhum, excepto com os pais ou um revoltado que como não o colocam num pedestal, odeia toda a gente, etc etc...

os filhos devem aprender logo cedo que têm o seu lugar em todo o lado, mas que o mundo não vive em função deles, nem mesmo os pais e não é porque eles chegaram que tudo vai mudar, nem na família nem nos grupos sociais onde eles venham a fazer parte... viver desta maneira, provavelmente cria modelos familiares felizes... mas para muitos este ainda é um caminho difícil de percorrer... porque vivem demasiado agarrados à imagem poética de amor incondicional, ainda gostam do papel do amor como sacrifício... em vez de transmitirem aos miúdos um modelo de amor aos outros, mas nunca descurando o amor e valorização a nós próprios...

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