Existe uma coisa talvez seja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.
Afinal, como poderíamos conceituar elegância?
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado.
Há quem a confunda com a sofisticação que determinadas profissões ou actividades, ou estudos, ou grupos sociais, enfim, que determinadas pessoas exibem. Não é a definição do dicionário. A sofisticação que muitos exibem, na verdade constitui uma desenfreada jactância do próprio ego. Curiosamente aqui o fenómeno é diferente. Via de regra o elegante não precisa fazer esforço algum para ser... elegante. Já o sofisticado, meu Deus... Vive o sofrimento atroz de se colocar prisioneiro de uma infindável lista do que pode e do que não pode, do que é e do que não é... elegante...
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até à hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la em pessoas pontuais.
É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.
Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.
Podemos dizer que a elegância traz sempre uma certa aura de sofisticação, eu diria à revelia do que queira demonstrar o elegante; já o sofisticado, conquanto reverencie arduamente a liturgia de uma pretensa elegância, termina sempre parecendo apenas vítima de sua arrogante insegurança. O nosso amigo sofisticado embriaga-se com o perfume de si mesmo, maquiando o medo de não parecer importante; o nosso amigo elegante tem uma indelével importância diante de todos, mesmo que não deseje ou sequer chegue a perceber que foi notado.
Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.
Com algumas inspirações no poema de Henri Toulosse Lautrec e de outro texto encontrado na net, cujo autor não anotei...
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