domingo, 7 de novembro de 2010

Condicionalismos

Com o tempo nos distanciamos tanto de nossa verdadeira identidade que acreditamos em sua inexistência e, simultaneamente, nos identificamos completamente com o eu falso ou codependente. Esta separação interna nos leva a acreditar que apenas alguém, ou algo fora de nós, pode nos trazer a felicidade. Infelizmente este engano básico é transmitido e reforçado por pessoas importantes em nossa vida: pais, professores, amigos (e mesmo nossos heróis ou figuras de referência). É ainda mais reforçado, para benefício de poucos e não para o bem-comum, pelos meios de comunicação, governos e religiões (movimentos e ideologias), que se apóiam na codependência para aumentar seus ganhos ou número de devotos.


Nas famílias disfuncionais, em que os pais usam seus filhos para preencher as próprias necessidades emocionais, as crianças logo aprendem que sentimentos positivos sobre elas mesmas dependem do estado de humor dos adultos à sua volta. Este tipo de relacionamento, gradativamente, vai minando a autoconfiança da criança, estabelecendo as bases para um indivíduo dependente, inseguro, "escravo" das necessidades e desejos alheios. Muitos padrões de codependência são extremamente valorizados e recompensados, desde o início da interação entre pais e filhos. Crianças extremamente obedientes, desejosas de agradar e que facilmente cedem aos desejos alheios são freqüentemente avaliadas como "crianças exemplares". Ao contrário, aquelas que não se deixam moldar a este padrão são rotuladas de "ruins", "más" ou "egoístas", podendo receber todo tipo de ameaças e castigos. Codependência é mais evidente nos relacionamentos com pessoas importantes de nossa vida, com as quais compartilhamos algum nível de intimidade, ou com aquelas com quem nos sentimos inseguros ou ameaçados. Nestes momentos perdemos nossa força e direção interiores e somos, repentinamente, dominados por sentimentos e pensamentos de fracasso, incompetência e impotência. Este processo é chamado de "regressão etária" (deixamos de nos ver e nos comportar como adultos, e somos dominados por memórias ameaçadoras de situações da infância ou adolescência ou de um passado próximo).

Roberto Ziemerem psicologia social

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