sábado, 7 de agosto de 2010

... recebendo ensinamentos...



Os Meios são o Fim

(...)
deveríamos saber que a prática também acontece durante sua caminhada até ali.

Eis por que deveríamos tentar estar praticando durante o tempo em que caminhamos (...) Como temos o hábito de fazer as coisas sem eficiência, tendemos a negligenciar, menosprezar o valor dos meios.

(...)Limpar as folhas não significa apenas ter um caminho limpo para correr ou caminhar, mas também significa simplesmente gostar de limpar as folhas. Assim, eu seguro o ancinho de tal modo que possa estar contente e sólido durante o tempo de usar o ancinho. E todo movimento que faço, quero fazê-lo como um ato de iluminação, um ato de alegria, um ato de paz, assim eu não tenho pressa, porque vejo que o ato de limpar é tão maravilhoso quanto ter um caminho limpo. Eu não estaria satisfeito com menos do que isso. Todo golpe que eu dou deve trazer alegria, solidez e liberdade para mim. Devo ser completamente eu mesmo durante o ato de limpar as folhas, e limpar as folhas, deste modo não será mais um meio para se chegar a um fim chamado "ter um caminho limpo".

E você não precisa esperar por muito tempo; se puder dar um golpe assim, um movimento assim, investindo completamente você mesmo no ato de limpar as folhas, então imediatamente será recompensado. Essa é uma obra de arte perfeita que você faz porque cada movimento é uma obra de arte.

O mesmo é verdade quando você pratica a caminhada. Cada passo que dá deveria ser uma obra de arte perfeita, cada passo pode lhe trazer solidez, soberania, pois você não caminha como um escravo, caminha como uma pessoa livre. (...)

Essa é a nossa prática, mas há uma energia de hábito que lhe impede de fazer assim. Você está acostumado a correr por acreditar que a felicidade não é possível aqui e agora, a felicidade só é possível no futuro. Este tipo de convicção, este tipo de energia de hábito tem estado presente por muito tempo, transmitido por muitas gerações de antepassados (...) você é governado por sua energia de hábito, pela tendência de correr todo o tempo. Você não é capaz de estar no aqui e no agora para tocar as maravilhas da vida que estão disponíveis.

Nós temos muitas chances para praticar. Sabemos que lavamos roupas, lavamos pratos, varremos o solo, cuidamos do jardim, há muitas coisas que vocês podem fazer, mas não façam isto do modo como fazem isto no mundo. Façam como uma prática, uma boa prática, e vocês serão recompensados imediatamente, saberão que estão lidando com sua energia de hábito. A energia de hábito nos diz: "rápido, rápido, vá, rápido, rápido, termine logo! O prazo final está próximo!", mas a prática está lhe dizendo o oposto: "não corra, desfrute, o aqui e o agora é a única coisa que você possui, a felicidade não pode ser possível fora do aqui e do agora", assim você tem duas coisas que contradizem uma à outra. (...) A energia (...) que você quer cultivar é a capacidade de estar no aqui e agora, e viver todos os momentos de sua vida diária profundamente. Limpe as folhas, desfrute! Faça o café da manhã! Desfrute completamente deste ato de arte culinária. Lave os pratos! Desfrute completamente o ato de lavá-los.

Diariamente no Mosteiro eu lavo os pratos, diariamente eu fervo o arroz e cuido das flores, das plantas, e minha prática é de desfrutar todos os minutos enquanto estou fazendo estas coisas. Sim, escrever um poema é maravilhoso, escrever um artigo é maravilhoso, dar uma palestra de Dharma é maravilhoso, mas é igualmente maravilhoso cuidar do arbusto, cuidar das plantas, lavar os pratos e assim por diante. Por ser muito enriquecedor, muito recompensador, isto pode trazer muita paz, alegria e solidez para você.

(...)aprender a limpar as folhas, aprender a varrer o solo, aprender a lavar os pratos é muito importante.

(...) Muitos franceses talvez tenham um dia de sol hoje mas talvez porque muitos não tenham a capacidade de habitar no aqui e agora, o raio de sol não significa muito para eles. Mas se você sabe como inspirar e ficar consciente do raio de sol, terá um tipo diferente de sol. O sol existe para você mas não para esses que estão tão ocupados, e que perdem tanto tempo nas suas preocupações, no passado, no futuro. Pressupomos que a lua exista para todos mas há alguns de nós que jamais vêem a lua, nunca obtêm algo da lua, nunca desfrutam a lua.

(...) A diferença é nossa capacidade de pôr em prática o ensinamento que nos é dado. O Buda foi bastante claro nisto, a vida só está disponível no aqui e agora, com todas suas maravilhas. Se você continuar correndo, estas maravilhas da vida não serão suas. Assim, pare! Sorria ao sol, sorria à lua, sorria para seus irmãos ou irmãs e especialmente, sorria para você.

Reconheça que você está presente. Você precisa ser nutrido pela paz, pela alegria. Você tem se privado destes elementos. É você mesmo que se privou da paz, alegria, nutrição e cura. (...)Olhe-se, sorria para você, seja amável com você, trate-se com a prática. Aprenda a caminhar, aprenda como respirar e sorrir, aprenda a limpar as folhas no jardim do pátio. É muito importante. (...)

Se você observou os monges e as monjas, se os observou em Plum Village, notará que enquanto eles caminham não falam, quando falam eles param para falar e escutar, e depois de falar e escutar, eles retornam ao seu andar. Por que eles fazem assim? Porque quando eles falam e escutam, querem investir 100% de si no ato de falar e escutar. Eis porque eles não falam enquanto estão caminhando; eles querem investir 100% de si no ato de andar. Eles querem dar passos reais, (...)
Não falar durante o caminhar não é uma regra porque nós não queremos ser vítimas de regras, não queremos absolutamente nenhuma regra, simplesmente queremos praticar. Se não falamos, é porque queremos praticar. Não é que falar seja um crime. Mas se você falar durante a prática, estará destruindo-a.

Nos ensinamentos do Buda, estar preso a regras é algo que vocês não são encorajados a fazer. (...) Buda disse: não seja escravo de regras e rituais. Rituais e regras, nós não precisamos deles; precisamos apenas da prática.

(...)
(Discussão de Dharma ministrada por Thich Nhat Hanh em Plum Village em 5 de Dezembro de 1999)

1 comentário:

  1. ...o sol existe para todos porque
    Deus não faz distinção de seus
    filhos.

    o que existe é a maneira de como
    as pessoas desfrutam do sol,
    envolvendo-se ou não em sua
    energia, em seu calor de forma
    que sejam abençoadas pela
    vida em plenitude.

    e para vivermos em plenitude
    há que tenhamos olhos de ver,
    sentimentos de sentir,
    e gratidão no coração.

    obrigada pela visita...

    bj bj

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