segunda-feira, 20 de julho de 2009

Verdade ou utopia...


A CHAVE DE TODAS AS COISAS



Jorge Linhaça


Por vezes , em nossas vidas, deparamo-nos com portas que parecem impossíveis de serem abertas.

As fechaduras parecem estar cobertas pela ferrugem dos anos , deterioradas a ponto de que as chaves causem mais dano do que resultado.

Os ferrolhos e as dobradiças , tomados pela oxidação parecem haver se tornado uma única peça. Muitas portas parecem ser por demais pesadas para as nossas forças, portas antigas e resistentes que parecem soldadas aos batentes centenários ou mesmo milenares.
Carregamos essas portas em vários aposentos de nossa alma.


São as dúvidas, os medos, os preconceitos, as dores e tristezas, as decepções que vamos acumulando ao longo de nossa jornada.

Por vezes, um fato antigo e contundente em nossa vida, faz com que algumas dessas portas se selem e, comodamente, preferimos esquecer o que se encontra ali emparedado.
No entanto, algumas vezes, algo acontece que nos faz relembrar aquelas intensas agruras, trazendo um sofrimento ao nosso ser.
Outras vezes, sem que nos demos conta, a quantidade de portas fechadas dentro de nós, impedem que a luz ilumine o nosso interior, de forma que, nossa visão interior torna-se turva e passamos a perceber o mundo e os nossos relacionamentos de uma maneira um tanto quanto distorcida.


Passamos a ver "fantasmas" onde eles não existem.
Passamos a espelhar nas pessoas nossos próprios medos e inseguranças , crendo que os outros possam imaginar que somos capazes de actos que nem lhes passam pela cabeça.
Tão preocupados ficamos com nossa honra ou imagem que nos esquecemos da importância de uma chave mestra que todos trazemos dentro de nós, capaz de abrir todas as portas e permitir que a luz volte a nos indicar o melhor caminho a seguir.
Nessas horas precisamos ser lembrados , às vezes de forma carinhosa, outras vezes até com uma certa rispidez, que temos dentro de nós essa chave mágica, capaz de nos fazer repensar e rever os rumos que estamos tomando.


Somente quando tomamos consciência de que ela ainda existe é que percebemos toda a força que ela tem, tudo que é capaz de realizar.

Uma grande amiga estava a falar-me sobre a maneira com que corremos quando estamos irados ou por demais preocupados.

Falou-me , com sabedoria, que , quando assim agimos, tal e qual em uma corrida em uma estrada, somente sentimos a força do vento a fustigar o nosso rosto.

No entanto, quando corremos serenamente, sentimos o vento a deslizar sobre a nossa pele e podemos perceber a sua direcção e flexibilidade.

Ao podermos perceber dessa maneira, encontramos com mais facilidade a resposta ou solução para as nossas inquietações e podemos lançar mão da chave mestra para transpor as portas que se nos apresentam de forma segura e correta.

Somente de posse dessa chave é que compreendemos o real significado da vida e afastamos as nuvens negras que insistem em nos fazer agir precipitadamente.

Essa chave é superior a todas as outras , é a áurea chave , a mais preciosa.

A chave tem um nome bastante conhecido, de quatro letras somente é o amor, que quando lhe damos o valor devido sobrepõe-se a tudo eternamente.

Não há honra sem amor, não a amizade sem amor, o amor nos honra , nos enobrece, nos ampara, nos faz mais sábios, nos cura as dores, nos abre os olhos e os sentidos.

O amor é acima de todas as coisas é luz que não se apaga jamais.

Ao amarmos deixamos de pensar apenas em nós, desejamos que a nossa vida se estenda para estarmos com quem amamos e sentimos o amor que provem de outrem.

Ao amarmos, as barreiras se quebram, compreendemos que há diversas maneiras de amar e não nos espantamos delas.
Que tal então lustrarmos a nossa chave mestra?

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