quarta-feira, 30 de junho de 2010

"não gosto"


hoje tonei-me incompatibilizada com a frase "não gosto"...

tomei consciência que essa frase leva consigo uma energia muito negativa

transmite rejeição, desprezo, falta de respeito pelas coisas e pelas pessoas que a recebem...
é castração, é ausência de fluxo, falta de reconhecimento da criação, ausência de aceitação... e em consequência a ausência de celebração... e celebração é a dinâmica principal da vida...

já tinha este sentimento de desagrado em relação sos "não gosto" há bastante tempo, mas veio com mais força hoje de manha. Fui a uma relojoaria para mudar a pilha do comando do meu carro e enquanto aguardava para ser atendida, uma senhora de meia idade estava a tentar comprar um relógio de pulso... todos aqueles que a funcionaria da loja lhe mostrava, ela rejeitava com um "ai, não gosto", um não gosto cheio de desprezo, hostilidade, rudeza... que mais parecia uma patada de cavalo... e que fique ciente que a senhora aparentava status social ... pura ilusão, claro...


considero este tipo de atitude um desrespeito pela criação e pelo seu criador... seja ela um relógio, uma confecção culinária, etc...


existem maneiras de dizermos as coisas, sem precisar de ser falso, mentiroso, mas com consciência ...

por exemplo, quando não gostamos de algum objecto ou alimento podemos dizer que preferimos outro ou que aquilo não era o que tínhamos em mente ... etc


ate será possível nalgumas circunstâncias usar o não gosto, mas juntamente com uma linguagem não verbal de alguma timidez, vergonha e lamento... quase como um pedido de desculpas... no qual nós somos os que precisamos aprender a gostar... e a criação em causa mantém a sua idoneidade...

claro que temos dificuldade em mudar a atitude de todas as pessoas e não devemos andar por aí decidindo como é cada um se deve ou não comportar, porque nós não somos os donos da razão nem do saber... mas podemos melhorar o nosso mundo, transmitindo bons valores aqueles que fazem parte dele e muito em especial ás crianças...
porque na maioria dos casos as pessoas agem assim de forma inconsciente, quase mecanizada ... habituaram-se a fazê-lo, por escolha pessoal de relação com o mundo que as rodeia ou por imitação dos exemplos de algum dos pais e vão vivendo dessa maneira até um dia, em que com sorte se tornam mais conscientes... ihihih... e a vida agradece ...


vamos acabar com as rejeições e arrogâncias e fazer aprendizagens de humildade e respeito...
.
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C

sábado, 26 de junho de 2010

Procurar a propria verdade



“Meu caro Amigo:
Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas, nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.”



Agostinho da Silva

Reflexão do dia




"Devemos confiar mais na
observação do que nas
teorias e nestas apenas na
medida em que possam ser
confirmadas pelos factos
observados."

Aristóteles, século IV a. C.



Deixo esta mensagem para reflexão e uma ( duas) perguntinha :


Remetendo-nos para a nossa vida diaria e as imensas teorias (crenças) com que vivemos, esta afirmação de Aristóteles pode ser-nos útil ainda no momento actual ou já não se aplica? E se é intemporal, de que modo a poriam em prática?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A prática de deixar ir



A prática de deixar ir

Se há coisas que te fazem sofrer, você tem que saber como deixá-las ir. Felicidade pode ser obtida soltando, deixando ir, incluindo deixando ir suas ideias sobre felicidade. Você imagina que certas condições são necessárias para sua felicidade, mas olhando profundamente se revelará para você que essas noções são exactamente as coisas que ficam no caminho da felicidade e te fazem sofrer.

Um dia o Buda estava sentado na floresta com alguns monges. Eles tinham acabado de almoçar e já iam começar um Compartilhamento sobre o Dharma quando um fazendeiro se aproximou deles. O fazendeiro disse: “Veneráveis monges, vocês viram minhas vacas por aqui? Eu tenho dezenas de vacas e elas fugiram. Além disso, eu tenho cinco acres de plantação de gergelim e este ano os insectos comeram tudo. Eu acho que vou me matar. Eu não posso continuar a viver assim”.

O Buda sentiu forte compaixão pelo fazendeiro. Ele disse: “Meu amigo, me desculpe, não vimos suas vacas vindo nessa direcção”. Quando o fazendeiro se foi, o Buda se voltou para seus monges e disse: “Meus amigos, sabem por que vocês são felizes? Porque vocês não têm vacas para perder”.

Eu gostaria de dizer a mesma coisa para vocês. Meus amigos, se vocês têm vacas, têm que identificá-las. Você pensa que elas são essenciais para sua felicidade, mas se você praticar olhar em profundidade, entenderá que são estas mesmas vacas que trazem sua infelicidade. O segredo da felicidade é ser capaz de deixar ir suas vacas, soltá-las. Você deveria chamar suas vacas por seus verdadeiros nomes.

Eu te garanto que quando você deixar suas vacas ir embora, você experimentará felicidade porque quanto mais liberdade você tem, mais felicidade você terá. O Buda nos ensinou que alegria e prazer são baseados na desistência, em deixar ir. “Eu estou deixando ir” é uma prática poderosa. Você é capaz de deixar as coisas irem? Se não for, seu sofrimento continuará.

Você deve ter a coragem de praticar o “deixar ir”, soltar. Você precisa desenvolver um novo hábito – o hábito de concretizar a liberdade. Você precisa identificar suas vacas. Você precisa considerá-las como um vínculo com a escravidão. Você precisa aprender como o Buda e seus monges fizeram, a libertar suas vacas. É a energia de plena atenção que te ajuda a identificar suas vacas e chamá-las por seus verdadeiros nomes.

Sorria, solte

Quando você tem uma ideia que te faz sofrer, deveria deixá-la ir, mesmo (ou talvez especialmente) se é uma ideia sobre sua própria felicidade. Cada pessoa e cada nação têm uma ideia de felicidade. Em alguns países, pessoas pensam que uma ideologia em particular deve ser seguida para trazer felicidade ao país e ao seu povo. Eles querem que todos aprovem a sua ideia de felicidade e acreditam que os que não estão a favor deveriam ser presos ou colocados em campos de concentração. É possível manter tal pensamento por cinquenta ou sessenta anos, e neste tempo criar uma tragédia enorme, apenas por causa desta ideia de felicidade.

Talvez você também seja prisioneiro de sua própria noção de felicidade. Há milhares de caminhos que levam à felicidade, mas você aceita somente um. Não considerou outros caminhos porque pensa que o seu é o único. Você seguiu este caminho com toda a sua força e, portanto os outros caminhos, os milhares de outros caminhos permaneceram fechados para você.

Deveríamos ser livres para experimentar a felicidade que apenas vem a nós sem ter que procurá-la. Se você é uma pessoa livre, a felicidade pode vir para você num estalo. Olhe para a lua. Ela viaja no céu completamente livre, e esta liberdade produz beleza e felicidade. Eu estou convencido que a felicidade não é possível a menos que seja baseada na liberdade. Se você é uma mulher livre, se você é um homem livre, desfrutará de felicidade. Mas se é um escravo, mesmo que apenas escravo de uma ideia, a felicidade será muito difícil de atingir. É por isso que você deveria cultivar a liberdade, incluindo a liberdade de seus próprios conceitos e ideias. Deixe suas ideias irem, mesmo que não seja fácil.

Conflitos e sofrimento são comumente causados por uma pessoa que não quer liberar seus conceitos e ideias sobre algo. Em uma relação entre pai e filho, por exemplo, ou entre parceiros, isto acontece o tempo todo. É importante treinar a si mesmo para deixar ir suas ideias sobre as coisas. Liberdade é cultivada pela prática de deixar ir. Se você olhar profundamente, poderá ver que está se segurando a um conceito que está te fazendo sofrer um bocado. Você é inteligente o suficiente, você é livre o suficiente para desistir dessa ideia?

Estou me tornando calmo
Estou deixando ir
Tendo deixado ir, a vitória é minha
Eu sorrio
Eu sou livre


O Dharma que o Buda apresentou é radical. Contém medidas radicais para cura, para transformação da situação actual As pessoas se tornam monges e monjas porque entendem que a liberdade é preciosa. O Buda não precisava de uma conta no banco ou uma casa. No tempo dele, as posses de um monge ou monja eram limitadas aos robes que vestiam e uma tigela para colectar comida. Liberdade é muito importante. Você não deveria sacrificar ela por nada, porque sem liberdade não há felicidade.

(Do livro “You are here”, de Thich Nhat Hanh)
(Tradução para o português: leonardo Dobbin)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Autonomia... (de acção, de pensamento, de crenças, de escolhas...)


fico cansada e ultimamente ate contrariada com as pessoas que passam o tempo a a criticar os lideres políticos...

considero isso uma falta de respeito por todas as pessoas em questão...

parece que têm prazer em denegrir a imagem daqueles que consideram estar a num nível superior ... o que já de si é completa ignorância
quando eu voto num líder politico desejo que ele consiga fazer da melhor maneira o seu papel... assim como, desejar-lhe sorte... mas não espero que ele me faça nada, nem que melhore a minha vida... isto é, não estou pensando em ganhar ou perder nada com a liderança desse politico...

desaprovo completamente a atitude de denegrirem a imagem do presidente da republica, do primeiro ministro, do presidente da câmara da minha cidade... e ate noutros países como o brasil, em que imensa gente ocupa o tempo falando mal do presidente do pais... considero atitudes de muito mau gosto e de péssima educação pessoal...

é uma atitude de pobreza interior e de imensa mesquinhez... faz lembrar séculos passados em que grupos sociais se aliavam para linchar uma vitima... afinal os comportamentos não evoluíram ao longo de séculos? e depois queixa-se a humanidade que vive em crises e sofrimentos... claro que isso acontece, basta ver a vibração onde vivem...

fico com péssima opinião de todas as pessoas que me reencaminham mails desse teor...

e que tal se usassem o vosso tempo e vosso sentido critico tão apurado para observarem os vossos comportamentos, a vossa integridade, a vossa vida, as vossas escolhas...

não fiquem à espera que os governantes tornem a vossa vida boa ou melhor... não esperem que os governantes criem postos de trabalho ou condições de vida melhores... mas afinal o que são vocês? são incapacitados? não conseguem fazer por vocês próprios? ou será que continuam na infância e pensam que eles são vossos pais, para terem que vos auxiliar? Tornem-se autónomos independentes... vivam como se não existisse suporte social para as vossas necessidades... e serão indivíduos mais felizes e realizados...

tenho a certeza que se o fizessem.... e usassem toda essa energia para melhorar enquanto indivíduos, o mundo seria um lugar melhor e principalmente o vosso mundo já seria um lugar melhor...

alem de que os políticos possivelmente conseguiriam fazer o seu papel melhor...

no geral parece-me que este tipo de comportamento provem da crença que imensas pessoas têm de que os outros têm algum tipo de dever ou obrigação de fazer alguma coisa por eles... crença erradissimaaaaaa...
ninguém tem que fazer nada por nós... se fizerem alguma coisa é motivo de gratidão, mas o dever de o fazerem não existe... e isso aplica-se também aos nossos pais, que depois de nos criarem e educarem ficam livres de deveres para connosco...

C.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ensinamentos



" Não lhe fira a calúnia. Viva de modo que ninguém possa acreditar no caluniador."

André Luiz

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Regresso da autoridade dos pais


Será a "politica" deste senhor excessiva ou será um "colocar as coisas no seu lugar" ?


O regresso dos pais autoritários
Os pais têm de recuperar a autoridade perdida e deixarem de querer agradar aos filhos, ou o mundo estará perdido, afirma um dos mais famosos pediatras do mundo. Fomos saber porquê.


Catarina Fonseca/ACTIVA 10 Fev. 2010
Confesso que ia um bocado amedrontada. Afinal, ia entrevistar um dos homens responsáveis por um dos maiores escândalos educativos das últimas décadas, o homem que defendera a urgência do regresso ao poder dos pais contra os todo-poderosos filhos.
Acusado de tudo, de fascista para baixo, o pediatra líbio-francês Aldo Naouri diz que os pais se demitiram do seu papel de educadores e em vez disso se dedicam a satisfazer a criança, com o único desejo de se fazerem amar. Diz que confundimos frustração com privação. Diz que transmitimos à criança que não só pode ter tudo como tem direito a tudo, içando-a ao topo do edifício familiar, onde ela nunca esteve e onde nunca deveria estar. Diz que um filho hoje não é criado para se tornar ele próprio, mas para gratificar e servir o narcisismo dos pais. Diz que estamos perante uma epidemia que encoraja os pais a seduzirem as crianças, tornando-as assim em seres obsessivos, inseguros, amorfos e emocionalmente ineptos, que não sabem gerir as suas pulsões e são incapazes de encontrar o seu lugar no mundo.
Em resumo, esperava alguém mais parecido com o Deus do Velho Testamento, que me recebesse com raios e coriscos, ou pelo menos uma praga de gafanhotos. Em vez disso, recebeu-me com um sorriso só equivalente ao sol de Lisboa, agarrou-me na mão, perguntou-me por que é que não tinha filhos e assegurou-me que os homens são todos uns egoístas. "Portanto, madame, é só escolher um! São todos iguais!"
Por entre gargalhadas, falou-se de coisas muito sérias, como aquilo que andamos a fazer às crianças. Ora leiam.


- Então, nada de democracia para as crianças?
- Não. É fundamental que estejam numa relação vertical: os pais em cima, as crianças em baixo. Porque há uma diferença entre educar e criar. Criar é dar-lhe os cuidados básicos, dar-lhe banho, alimentá-lo, etc. É como criar galinhas. Educar é haver qualquer coisa que não existe e que é preciso formar. Por isso a criança não está nunca ao mesmo nível dos pais, não pode haver uma relação horizontal. Se quiser compreender o que se passa na cabeça de uma criança numa relação horizontal, imagine o seguinte: você está num avião, e o comandante vem sentar-se ao seu lado. Você pergunta, Mas quem é que está a guiar o avião? E ele diz, 'Ah, é um passageiro da primeira fila que eu pus no meu lugar.' A criança tem necessidade de alguém acima dela.


- As mães não se escandalizam com a mudança de hábitos que lhes aconselha?
- Nada disso. As mães estão petrificadas na sua angústia e precisam de se libertar. Eu digo, 'mas não vale a pena angustiarem-se dessa maneira, ser mãe é muito mais simples do que vocês pensam'. Digo-lhes que não vale a pena viverem preocupadas porque a criança não come, não dorme, ou vai ter ciúmes do irmão. Dou-lhes conselhos básicos e fáceis de seguir e tento fazer com que simplifiquem a máximo as suas vidas. O que eu quero é que a criança seja para os pais uma fonte de prazer e felicidade, e não um foco de sofrimento e angústia, e para que isso aconteça, os pais têm de estar descontraídos.


- As nossas avós não viviam nessa angústia...
- Pois não. Mas viviam num mundo em que havia três tipos de ordem: Deus, Rei e pai. Esse tipo de ordem fazia com que existisse qualquer coisa que as transcendia. Hoje todo o tipo de transcendência desapareceu, e quem ficou no lugar de Deus? A criança. Às mães que põem o filho nesse altar, eu simplifico a tarefa: digo - Não se cansem dessa maneira. Não se preocupem assim. Ponham-se a vocês próprias em primeiro lugar. Claro que não é uma coisa que elas estejam habituadas a fazer, ou sequer a ouvir, mas não é por isso que não podemos dizer-lhes, e não é por isso que elas vão deixar de ser capazes de o fazer. Acredito que vão ser capazes, porque é urgente: a bem das crianças, e a bem delas próprias. É preciso fazer as coisas de maneira tranquila, porque a mãe perfeita não existe, o pai perfeito não existe, a criança perfeita não existe.


- Mas as mães hoje têm uma vida tão difícil, é normal que se culpabilizem...
- Não é por trabalharem fora de casa que têm de se sentir culpadas.
Peço às mães: lembrem-se do vosso primeiro amor. Quando não o viam durante três dias, morriam de saudades. Mas quando o voltavam a ver, assim que batiam os olhos nele era como se nunca se tivessem separado. Com as crianças, é exactamente igual. Quando tornam a encontrar a mãe, é como se ela nunca tivesse partido.


- Diz que os pais esqueceram o seu papel de educadores porque querem ser amados pelas crianças. Por que é que isto acontece?
- Como todas as crianças, tiveram conflitos com os pais. E como todas as crianças, amam-nos mas guardaram muitos ressentimentos. E não querem que os seus filhos tenham esse tipo de ressentimento em relação a eles. E pensam que a melhor maneira de o fazer é seduzir a criança para que ela o ame. O que é um enorme erro. Porque nesse momento, a relação vertical inverte-se. A hierarquia fica de pernas para o ar, e quando isso acontece, destruímos a crianças.


- O problema é que as pessoas confundem autoridade com violência. Autoridade é fazer-se obedecer, não é dar uma palmada, que o senhor aliás
desaprova.
- Completamente! Não aprovo palmadas de que género for, nem na mão nem no rabo. Ter autoridade não é agredir a criança. Ter autoridade é dizer: 'Quero isto', e esperar ser obedecido. Quero que faças isto porque eu disse, e pronto. Autoridade é só isto, é assumir o seu dever. Não vale a pena ser violento, aliás porque a criança sente a autoridade. É quando o pai ou a mãe não está seguro do seu poder que a criança tenta ir mais longe. Quando há uma decisão que é assumida pelos pais, ela cumpre-a.


- Uma terapeuta de casal dizia que as pessoas hoje não têm falta de erotismo, dirigem-no é todo para as crianças...
- Sem dúvida. E é isso que é urgente mudar. O slogan 'a criança acima de tudo' deve ser substituído por 'o casal acima de tudo'. A saúde física e psíquica das crianças fabrica-se na cama dos pais. Por que isso não acontece é que há tantos divórcios, e depois a vida torna-se muito mais complicada para a mãe, o pai e a criança. Se elas decidem privilegiar a relação de casal, estão a proteger a criança.


- Educou os seus filhos da forma que defende?
- Sim sim, eu eduquei os meus três filhos tranquilamente. A autoridade significa serenidade, não violência. Ainda hoje, que eles já são mais do que adultos, nos reunimos às vezes para jantar. E no outro dia, falámos sobre as viagens de carro que costumávamos fazer - sempre viajei muito com eles. Quando se portavam mal, eu virava-me para trás e dizia: - Olhem que eu paro o carro e deixo-vos a todos aqui na auto-estrada! - Só há pouco tempo é que percebi que eles achavam que eu estava a falar a sério e que seria capaz de os abandonar na estrada! (ri). Tal é a força da autoridade. Mas isso não tem importância, o importante é que funcionava! (ri)


- Diz que o pai tem de ser egoísta mas também diz que uma das tragédias do mundo moderno é a ausência do pai... Qual é então o papel do pai, para lá de ser egoísta?
- Tem duas funções: a primeira é a de possibilitar à mãe o exercício da sua feminilidade. A segunda é a de se oferecer ao filho ou filha como um escudo contra a invasão da mãe. Porque de outra maneira, a mãe vai tecer à volta do seu filho um útero virtual, extensível até ao infinito. O pai não está presente como a mãe, mas é preciso que esteja presente.


- Mas hoje exige-se aos pais que façam uma data de coisas, que mudem fraldas, que ponham a arrotar, que ensinem karaté...
- Não é preciso. Porque na cabeça das crianças tudo está muito claro: aquela que o filho ama acima de tudo é a mãe, que sempre respondeu às suas necessidades desde que estava na sua barriga. Se alguém lhe diz 'não', mesmo que seja a mãe, para ele a culpa é do pai. Ou quando muito, da não-mãe. No inconsciente de uma criança, o pai não existe. Só há a mãe. O pai tem de se construir, a bem das crianças e a bem da mãe delas.


- Antes de ler este livro não tinha consciência de que as crianças estavam tão perturbadas.
- Li um artigo recentemente do director do centro médico-pedagógico de Paris, que afirmava que em 2008 tinha recebido 394 novas famílias, e que a maior parte tinham problemas psicológicos. No fim da primária, 40% dos alunos ainda não dominam a língua, e isto é grave. E não porque tenham problemas físicos ou sejam burros: é porque não os sabemos educar. Mas é uma tarefa difícil, porque mesmo as instâncias governativas vão no sentido de seduzir a criança. Porque as crianças vendem, são um produto que se compra e se compara. Todo o mundo vai no sentido de deixar a criança fazer o que quer, porque é mais fácil que ela não cresça. Mas o que vai acontecer é que essas crianças, se não travadas, vão crescer e fabricar sociedades absolutamente abomináveis, onde será cada um por si, onde não haverá solidariedade.


- Nem cientistas... É o senhor quem o diz...
- (ri). Apesar de tudo, estou optimista. As pessoas querem saber como podem mudar. Não sou o único a dizer estas coisas, mas digo-as de forma bruta. Tenho 40 anos de experiência com pais e crianças. E é muito fácil mudar, quando começamos a ver a lógica das coisas. Além disso, o que eu pretendo é simplificar a vida das pessoas. Não quero voltar àquilo que se fazia há um século. Não quero pais castradores.


- O que é um pai castrador?
- Não é um pai autoritário, é um pai fraco, intranquilo, desconfortável na sua pele e na sua posição. O que eu digo é, a sua posição como pai ou mãe está assegurada à partida. Só tem de exercê-la. Uma vez, apareceu-me uma mãe muito alarmada porque a filha não dormia. Aconselhei-a a dizer à criança, antes de dormir: 'Podes dormir tranquila. Não preciso mais de ti hoje.' E a criança dormiu a noite toda. Por isso eu digo no fim das consultas, a todas as crianças, tenham elas 1, 7 ou 14 anos, 'Muito obrigado por me teres trazido os teus pais à consulta. Agora podes ficar descansado, eu ocupo-me deles.'


O QUE DEVEMOS FAZER...
Palavra de ordem: não compliquem.
Segundo Aldo Naouri, o esterilizador de biberões não faz sentido, nem desinfectar o mamilo.
- Os biberões devem lavar-se com água quente da torneira.
- As nádegas do bebé devem ser lavadas com água e sabão.
- A roupa do bebé pode ser enfiada na máquina como o resto da roupa de casa.
- Em todas as idades, devem tomar-se as refeições familiares em conjunto.
- Um adolescente pode ir vestido da maneira que bem entender.
- Petiscar, no caso de um adolescente, não é de condenar, porque precisam de imensas calorias.


E O QUE NÃO DEVEMOS...
- Rituais antes de dormir, como a história ou a cantiga, é para irem à vida. Só servem para ritualizar o medo da criança. Deve-se mandar a criança para o quarto, e aí ela fará o que quiser com o seu tempo.
- Angustiar-nos com as horas de sono. É absolutamente necessário livrarmo-nos da obsessão do número de horas que eles dormem.
- Nunca, em circunstância alguma, se deve obrigar uma criança a comer.
- Biberão, chupeta e objectos de transição devem desaparecer antes do fim do segundo ano da criança.
- Bater nunca: nem na mão nem no rabo.
- Elogiar, só para coisas excepcionais.
- A criança não deve escolher a sua roupa.
- Uma ordem não tem de ser explicada, tem de ser executada. A explicação que é dada ao mesmo tempo que a ordem apaga a hierarquia. Se quiser explicar, só depois da ordem cumprida. A figura parental nunca, mas nunca, tem de se justificar perante o filho.


Para ler: 'Educar os Filhos', Aldo Naouri, Livros d'Hoje

domingo, 13 de junho de 2010

Para reflectir


Não te darei colo.
Terás que ser mais forte do que a força que te fez sucumbir.
Estarei do teu lado, mas não te darei colo.
Terás que com tuas próprias pernas te sustentar.
Estarei do teu lado e ampararei teus ombros, em sinal de companheirismo.
Estarei do teu lado, mas não te darei colo.
Estarei do teu lado e mesmo assim não sentirei tua dor. Essa precisas sentir sozinha para crescer.
Estarei do teu lado e não te darei colo. Caminharei contigo em teu sofrimento. Pois esses são estágios de provações.
Estarei do teu lado e não te darei colo, mas estarei aqui quando necessitares de minhas mãos, do meu carinho.
Confia no teu próprio EU Interior.

Paulo Mello

domingo, 6 de junho de 2010

quando passamos a amar-nos não nos permitimos estar com a atitude errada ou no sitio errado, nem com as pessoas erradas...

claro que eu também recebo muito... de muitas fontes e por vezes não consigo reconhecer aquilo que estou recebendo...

mas hoje decidi que não quero mais dar a quem não recebe com bons sentimentos...

eu não preciso de reconhecimento... mas gosto de justiça... e não aceito desconsideração...

quem recebe ajuda deve ter a consciência do que está a receber e dentro de si reconhecer devidamente...
não gosto de atitudes de competição comigo... e muito menos quando essas atitudes provêm de pessoas amigas...

fico triste quando descubro que estou num relacionamento de amizade em que uma pessoa recebe muito de mim ... em que sou muito aberta, amiga, disponível e desejo o bem da outra pessoa... e do lado existe um intenção sombria por trás das acções...

não gosto disso... e por amor a mim própria vou retirar-me de alguns relacionamentos em relação ao dar...
quantas vezes nós continuamos em relacionamentos... de vários tipos... por carinho ou por habito... quando se nos amarmos a nós próprios, verdadeiramente... não concebemos estar em relacionamentos onde os sentimentos não são verdadeiros...
é importante reavaliar de tempos a tempos a nossa posição e a dos outros nos vários relacionamentos que temos...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Não sei se é assim ou não... mas este senhor disse que é...


"Tudo que surge concretizado no mundo das formas ao redor de nós é a materialização de nossos pensamentos e crenças"


(Masaharu Taniguchi)